domingo, dezembro 18, 2005

Furar o olho seria bem mais fácil

Meus olhos brilharam desde do dia que li o manual do vestibular falando sobre a profissão Farmacêutico-Bioquímico. Simplesmente achei perfeita. Afinal, nada melhor do que trabalhar com algo que gostamos, certo? Errado!!! Excrementos humanos, sangue, escarro!! É a mesma comparação do desejo de alguém ser urologista!!

Mas apesar dos problemas, eu gosto do que faço. Infelizmente, ninguém nasce sabendo fazer tudo, sendo assim, os 27 alunos da minha sala tiveram que aprender a tirar sangue. E eu, claro, também. Sangue... nunca fui muito chegado nessa palavra, principalmente quando ele salta por uma artéria furada.

A aula daquele dia teve basicamente o seguinte esquema: me fura que depois te furo(não necessariamente nesta mesma ordem). Foram formadas duplas, que contavam apenas com a sorte e 2% de experiência. O sangue teria que ser retirado de duas maneiras, pela veia e pela ponta do dedo! Aham, muleque!! Tinha que furar a ponta do dedo do amigo, poxa, furar o olho dele seria bem mais fácil e divertido.

Eu imaginei que tudo correria bem, afinal de contas, qual é o problema de furar o dedo de alguém. Mas aprendi que existe toda uma técnica de forma que a cobaia não olhe para seu dedo(que até o momento está inteiro). O professor ainda mostrou a quantidade de milímetros da agulha que deveria adentrar a pele do caboco, não queiram imaginar, é uma coisa absurda. Perguntei para o meu companheiro de dupla, o Rodrigo, se já podia furá-lo. Ele disse que sim.

Botei toda minha força naquela agulha e.... nada...
Apenas encostei de maneira carinhosa a agulha no dedo. Tentei novamente, dessa vez ele reclamou, deveria ter conseguido. Quando fui ver, nada do sangue sair...

A situação começou a se complicar, minhas mãos começaram a tremer, quase pensei em desistir, mas lembrei que no futuro eu faria um blog e aquele dia merecia ser reportado! Juntei toda minha sagacidade mais a vontade de ver Rodrigo lacrimejar por causa de um dedo e... furei ele!!

Furei foi porra!!! Ele já tava reclamando de ter sentido a merda da agulha umas 3 vezes!! Acho que na quarta tentativa a pele já estava tão sensível que furou facilmente. Quem dera se fosse só aquilo. Ainda faltava a veia. Mas pelo menos eu não estava amarelo de medo e, muito menos, suando como uma porca no cio que nem o Will estava(foi mal, Will, tive que falar).

Ok, hora de furar a veia. Não tem complicação nenhuma, é algo tipo, localizar, mirar e atirar! Já tive sorte porque o Rodrigo tinha as veias da mão direita bem salientes...hum...por quê será? Enfim, larguem o punheteiro de mão. Lá estava a veia, era só furar e sugar, mais nada!!!

Por que tudo na teoria parece ser mais fácil?? Sim, furei a veia, mas quem disse que veio sangue pela agulha? Pior pro Rodrigo, tive de furá-lo novamente. Lembro de ter tentado umas 3 vezes, quando comecei a sentir pena do meu colega e larguei de mão. Fui pra casa jogar Warcraft.

Ah, porra, no estágio eu consigo essa merda!