A primeira bodada a gente nunca esquece
Se eu fosse menino ainda, poderia ir no parque sexta à noite, poderia ficar em casa assistindo Rei Leão com a mamãe, jogando fliperama no shopping, jogando bolinha de gude na rua etc. Mas, como eu cresci, minhas opções se reduziram bastante. Quando você cresce, os lugares para sair numa sexta à noite se resumem basicamente a lugares que tenham bebidas alcoólicas, lugares que possuam mulheres semi-nuas ou, na pior das hipóteses, lugares que possuam bebidas gaseificadas, como refrigerante ou até mesmo água com gás.
Das 3 opções acima, fiquei com a do álcool mesmo. Fui passar minha sexta à noite no Reviver. Para todas as pessoas que tem a sorte de não morar em São Luis, o Reviver é um local que faz parte do conhecido "Centro Histórico". Por lá existem prédios velhos, artesanato e novamente, prédios velhos. Por um motivo desconhecido pela minha pessoa, o pessoal sempre se reúne no Reviver em happy hours (eita que palavra chique).
O Reviver consegue reunir vários grupinhos de pessoas, no mesmo local podemos encontrar a galera do metal, patricinhas de rosa, góticos suicidas, homossexuais, punks rebeldes e de vez em quando até um ou outro emo passa lá por aquelas bandas. Além disso, é muito, muito comum encontrar bêbados peregrinando em busca de doses de cachaça ou vinho. A tática é sempre a mesma, o bêbado em questão visualiza ao longe a garrafa cheia de líquido com teor alcoólico acima de 40%. A pequenos passos chega na garrafa e pede para o grupo em questão um tiquinho da bebida. Como forma de agradecimento, ele olha para alguém do grupo e pensa numa banda que a pessoa goste.
Por exemplo, se for um cara de cabelo alisado, cinto de bala e camisa centropeito, ele provalmente irá falar que adora escutar Coldplay. Ontem o cidadão que nos abordou disse que adorava Queen. O pior, ele disse olhando pra mim. Merda.
Enfim, resumindo tudo, o Reviver é uma bosta. Mas assim mesmo fui lá. Cheguei na companhia de vários amigos e procuramos a bebida com o melhor custo/benefício: vinho São Braz. E assim fomos levando a noite. Ficamos caminhando sem nenhum destino específico e depois de 5 minutos, pasmem, o vinho tinha acabado. Foi a hora da caipirinha. Enfim, não vou dizer tudo que bebemos ontem porque seria algo sem-noção demais da minha parte.
Eu geralmente paro de beber quando bate a brisa. Bateu a brisa, fiquei felizinho, pronto hora de parar. Sempre me orgulhei disso. Mas ontem bateu a brisa, fiquei feliz, bateu a brisa de novo, bateu a merda da brisa outra vez, bateu a porra dessa brisa um trilhão de vezes!! Foi aí que sentei e tudo girou. Tinha bodado.
O verbo bodar faz jus ao estado de espírito em que o cidadão, após misturar vários tipos de bebidas não consegue fazer mais nada, a não ser sentar na primeira calçada ao seu alcance, deitar na sarjeta e vomitar até o dia amanhecer. E crianças, nunca tentem fazer isso com algum amigo que tenha um celular com câmera e flash, capaz de fazer vídeos nítidos e mostrar para todos no seu serviço!
Hoje vi o vídeo. O cara foi um gênio, captou vários momentos únicos. Por exemplo, ele conseguiu gravar o momento em que estava deitado na calçada. Em outro vídeo eu estou sentado gofando meu jantar. Coisa de mestre.
Lá pelo serviço já tem 7 pessoas sabendo da existência do vídeo. Este número vai dobrar em progressão geométrica nesta próxima semana, tenho certeza disso. Nunca mais bebo na minha vida, é sério.