E da vez que fui abordado por uma pessoa do mesmo sexo?
Seria um dia normal na UFMA, após a manhã toda de aula, almoçar no Restaurante Universitário era meu único motivo de alegria (AH AH). O bagulho que o RU vende está bem distante ser denominado carinhosamente de "comida". Principalmente nos dias dos cozidões... Se eu pudesse perder um braço para esquecer os dias que eu comi no RU, eu acho que perderia os dois, só para ter certeza.
Logo após deliciar-me com a "comida" servida, fui com o pessoal tomar um guaraná que sempre desceu bacaninha após o almoço. Ah, não contei pra vocês, nesse dia seria o teste para a Escola de Música, antes de fazer esse teste, eu achava que sabia o que era música. Enfim, tomei com mais 3 amigos o guaraná e todos acharam que o bicho tava meio ruim, mas bebemos assim mesmo.
Algum concorrente mal-intencionado fez de tudo para que eu não chegasse a tempo. Pois, assim que tomei o guaraná, meu estômago revirou de todas as formas possíveis e imagináveis na face da Terra. O cara tinha me pegado de jeito, quanto será que ele pagou pro rapaz da barraquinha? 2 passes escolares? Maldita corrupção.
Peguei meu ônibus e fui para a Escola de Música. Aguardei suando frio numa fila enorme pelo teste. Aos poucos a fila foi caminhando e acho que após uma hora já estava fora das ruas e dentro do recinto. Não pensei duas vezes, fui correndo pro banheiro. Porra, logo hoje!! Por que logo hoje???
Apesar de estar suando que nem uma porca no cio com 5 filhotinhos com fome, estava firme e forte aguardando o meu teste. Como disse, eu achava que sabia o que era música antes de fazê-lo. Na verdade, nunca fui muito bom com instrumentos, tanto é que nunca peguei na minha vida inteira nenhuma música de ouvido! É triste, mas é verdade, nem Nirvana não consigo tirar de ouvido.
Lá começou meu teste, o lance era o seguinte, repetir com a boca os sons que o professor fazia no violão, no teclado, na caixinha de fósforo, etc... Não preciso citar detalhes, pois me lasquei bonitinho. Parece fácil? Parece mesmo, mas não passei, ora porra! Fui descendo a escada triste, colocando a culpa no amendoim do guaraná e pensando se comprava uma camisinha na farmácia ou uma corda de rede para tentar suicídio.
Ao sair da Escola, um velho de cabelos brancos e quase careca passa pela esquina e melindrosamente faz um sinal de "vem cá" para mim!! Ahhhh era só o que faltava mesmo, barriga doendo, bomba no teste e um viado, coroa ainda por cima querendo pra eu comer ele!! Sem pensar muito, respondi com um sinal também, um "não" com o dedo indicador. E quase joguei uma pedra nele, pena que não achei nenhuma pelo chão.
No ônibus, fiquei pensando se ele queria pra eu dar ou pra eu traçar ele. Se fosse para traçar, significaria que pelo menos ele tem um pouco de respeito em relação à minha pessoa, e poderia até apertar a mão dele e dizer: "Não senhor, obrigado”.
Se fosse para dar, jogaria a pedra mesmo!