E como passou rápido...
O melhor de tudo foram as pessoas que vinham me visitar no dia, cada um pegava a tesoura e fazia um caminho de rato no meu cabelo.
Se eu ligava? Nem um pouco! Todo o tempo que passei estudando não tinha sido em vão! Poderiam até raspar minha virilha que eu não estava ligando só de felicidade. Mas, a felicidade passa e vem os problemas da universidade. Milhares de provas, calouradas e o pior de todos: limite do cartão universitário estourado!
Dar 700,00 reais de limite prum pé rapado que não tem nem onde cair morto é muita loucura também! Esse povo do Credicard é muito sem-noção! Se durei 1 ano com aquele cartão, foi muito. E junto com isso tudo, vieram também os apelidos: pantera, gafanhoto, loba, caranguejo, guará e, até uma galinha, tinha na nossa sala.
Ah, tentem adivinhar qual dos apelidos de cima era o meu!
Eita, quase que ia me esquecendo! E o horário do almoço? O meu curso é em horário integral, de manhã e pela tarde, ou seja, almoçar no campus não era uma opção mas uma obrigação! E é estatísticamente impossível, eu pagar uma refeição decente todo santo dia. Como último recurso, era obrigado a comer no Restaurante Universitário (vulgo RU) ao módico preço de R$ 1,25.
O quê podemos esperar de uma refeição de R$ 1,25?? Baratas? Traças? Quase, quase. Comparando a comida do RU com a comida aqui de casa, a única diferença é que aqui em casa, o arroz vem embolado. Sério, comida ruim do cacete! O cozidão então, nossa...
Mas, vou ser sincero com vocês, só existia um tipo de comida decente no RU. Quando o prato principal era filé de peixe. Era saboroso mesmo, não posso negar. Mas as chances de comer filé eram as mesmas de ganhar na Tele-Sena, ou de participar de uma pegadinha do Topa Tudo por Dinheiro.
E lá estava eu, 6 anos atrás, na minha primeira fila do RU. Me deram logo de cara um bandejão de inox com um bando de buracos que seriam destinados para cada quitute especificamente. E bem na parte superior existia um buraco meio redondo, destinado para o refrigerante em lata.
Como todo bom calouro de cabeça raspada, coloquei minha bandeja na fila com a parte do refrigerante virada para a moça da cantina. Qualquer ser com 25% de inteligência saberia que a bandeja estava errada, pois a parte do refrigerante deve ficar do meu lado para que a parte em que se coloca o arroz fique do lado da dona da lanchonete.
E na primeira panela me param! A mulher me encarava com um ar de ódio, dava até para ver as narinas abrindo e fechando. Ela citou poucas palavras, o suficiente para que eu percebesse que estava errado e dando problemas na fila. Finalmente entendi que a bandeja estava direcionada errôneamente.
Viro a bandeja pro lado dela e antes da Dona Gertrude colocar uma senhora colherada de arroz, ela questiona: