domingo, julho 15, 2007

Foi fim-de-semana passado, em busca do meu sonho em ser rico como farmacêutico, que viajei lá pra onde judas perdeu as botas para realizar uma prova em que, caso eu passasse, ganharia 3 vezes mais o que recebo atualmente. Mais do que rápido convenci meu pai a viajar comigo, afinal de contas, minha experiência em estradas nordestinas é idêntica à minha experiência com chimarrão, ou seja, nula.

Essa prova seria uma verdadeira desgraça na minha vida. Melhor dizendo, seria não, foi! Devido à ela, tive que perder o casamento de um grande amigo de infância. Mas não é só isso! Por causa dela eu também iria perder o aniversário de outro grande amigo!! Mesmo assim fui pro brejo pois um salário como esse não é todo dia que se tem.

Saímos de São Luís duas horas da tarde de um sábado. Rumo à casa do capeta!! Puta que pariu, ô lugarzinho longe! Já ia dar 7 da noite e ainda não tínhamos chegado no local de destino: o inferno. Meu pai preocupado em dirigir em estradas desconhecidas pela noite resolveu parar em uma "pousada" para passarmos a noite.

Para chegar no quarto da "pousada" era uma verdadeira aventura! Pois ele ficava no segundo andar e não tinha batentes! Qualquer pessoa com um pouco mais de álcool no organismo poderia cair e ter o chão de cimento embaixo como seu último paradeiro! Morrer numa cidade do interior que nem o nome eu sabia não era uma opção viável, isso é fato.

Após quase morrer para chegar no quarto, me acomodo na cama e tento estudar. Como disse, tentei estudar, mas as muriçocas não deixaram de jeito nenhum. Após tentar de várias vezes estudar, desisti e fui jantar. Ao pedir a bebida para o jantar fiquei abismado com a quantidade de opções disponíveis.

"Tem Coca?"

"Não."

"Como é que é rapá?!"


A menina ergue do freezer a única bebida gaseificada do recinto. Uma pitchula. Não faço a mínima idéia se a porra desse refrigerante é vendida em outros estados brasileiros. Mas a última vez que tinha ouvido falar de uma pitchula foi lá pelos meados de 1998. A moça ao notar a tristeza no meu semblante se oferece para comprar uma Coca na vendinha do lado. Ela pega sua bike e saí pedalando.

Foi então que fiquei olhando para o local onde estava. Era realmente um fim-de-mundo. De um lado tudo escuro porque a rua não tinha iluminação, do outro lado crentes caminhando para a igreja mais próxima. Foi então que olhei para o meu prato e comecei a comer. Aguardando que um dia a Coca chegasse.

Após jantar e beber do refrigerante, fui caminhar pelas redondezas atrás de um telefone público para dar notícias para minha mãe e minha irmã. Detalhe: elas estavam no casamento que eu perdi do meu amigo de infância, lembram?? Tentamos inúmeras vezes ligar, quer dizer, tentamos só duas vezes, mas tinha que por tanto código para digitar, era DDD, era 31, somando tudo resultava em inúmeras vezes.

Foi então que olhei para os lados e visualizei algumas nativas da região na "conveniências" do posto de gasolina. "Conveniências" porque lá só tinha cachaça e Big Big. Meu espírito raparigueiro não aguentou a tentação e me levou para flertar com elas. Utilizei meu olhar 43 e fiz uma pergunta rápida:

"Quanto custa o Big Big?"

"10 centavos"
- disse a mais carismática das meninas

"Me vê dois"

Dei para ela 25 centavos e fui caminhando embora fingindo ser rico e que não me importava com o troco. No segundo passo ela me chama. Já iria dizer para ela que não precisava me dar troco. Mas ela tinha em mãos mais um Big Big para mim.

Fiquei sem palavras. Aceitei o Big Big pegando de leve em sua mão. "Essa já tá no papo" pensei comigo mesmo. Fiz um docinho e caminhei como se não estivesse interessado. Sem ter mais o que fazer, fui deitar com minhas muriçocas.

Bem, no dia seguinte fiz a prova lá nos cafundós do brejo. O resultado saiu ontem, eu não passei. Mas amanhã é meu aniversário, ou seja, cerveja.